Pra buscar algum porquê de fazer teatro, por que ficar sem o fazer não tem por que, nem da, nem seria possível evitar. Pra rir e pra chorar, para chorar de rir e rir por não poder mais chorar. Tente, tente, tente e uma hora sai. E assim vai, e assim vai. Às vezes cai, mas mesmo assim vai. E se é teatro, esperamos que seja, que seja música. Poesia, prosa, e um tanto de qüiproquó. Mas que depois do balacobaco, fica um tanto brechtiano, e no final a Mãe Coragem tira os pães do forno e está pronto. É hora da ceia, do recheio, do centeio do pão. De dividir o gole do gole de uma gota de um pouco do que a gente viu. E descobriu e quer contar. Gole de vinho sem álcool, porque Dionísio nos fez descer do salto. Se vão rir ou chorar, a gente já viu, já sentiu e quer mais. E no final (do ponto do ônibus) a gente pega o caminho mais longo só pra conversar... E a gente fala, e como fala. Arte do ator, arte da palavra à toa. Mas numa boa, é fim, finito, Zé fini, o Zé feito Severinos como outros na vida, pelos quais a gente grita, e grita, e grita (e quando sobra prosa no encalço, canta). É hora da janta e não tem bóia. Mas uma hora vai ter. Vocês vão ver...Vai ter... Vai ter. Vai.



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quarta-feira, 23 de julho de 2008

No caminho do pote de ouro.

Por Carolina Mancini.

Muito me é agradável escrever e inaugurar este blog neste momento.
Pois dois são os motivos, o primeiro é que minha intenção não é só a de criar um diário aberto para os nossos registros, como também um meio de divulgar, desde já, nosso trabalho.
O segundo, é que está data se torna especial diante o nosso retorno cheio de luz e animo.
Depois de termos ancorado nosso barco por determinado período (férias bem merecidas), estamos de volta com muita garra e vontade de nos apaixonar, de nos apaixonar cada vez mais pelo nosso grupo e pelo nosso trabalho, onde trocamos impressões, ambições, desejos mútuos, opiniões e sonhos.
Pois aprendemos que teatro se faz em grupo, assim como também aprendemos que um coletivo forte não é feito com a anulação das características pontiagudas de cada um, e sim com a soma das diferenças, e sempre enxergando no outro as possibilidades de crescer, de aprender, de somar cada pequena migalha de pão e alimentar esse monstruoso e faminto projeto.
Como diria Goethe “Nada supera o valor de um dia” e assim estamos caminhando, às vezes aparentemente nossas conversas processuais, tomam veredas de Brecht, e às vezes até mesmo um pouco surreal e dada, mas nós temos cada vez mais o controle do leme, mas um controle que não impede que o vento na vela nos mostre os caminhos. Sendo guiados pelas estrelas, mas sempre com os olhos no horizonte a ser alcançado.
Não estamos nem tanto a esquerda e nem tanto à direita (principalmente) estamos procurando um equilíbrio, onde sabemos que a comédia é tão importante quanto o drama, e, caminhar entre o caos e a disciplina, é sempre o meio de criação mais proveitoso. Mas muito, muito ao mar, cada vez mais acreditando em nossa bussola intuitiva, e que nosso coletivo é forte o suficiente para agüentar qualquer tempestade.

Quanto ao texto: Realmente cada vez mais acredito que não há presente melhor do que um bom desafio a ser superado, e Ralé de Gorki é isto, um grande desafio, mas cheio de possibilidades e caminhos, por onde estamos crescendo, mudando, evoluindo e nos descobrindo não só como atores, mas como encenadores, figurinistas, iluminadores, cenógrafos e etc., mas principalmente como pessoas, porque é isto que o texto faz conosco, ele nos faz olhar para nós como pessoas, como indivíduos, como coletivo, como massa, como fruto de um contexto histórico, e como atores nos faz perguntar: “O que queremos dizer com esse texto” e, além disso, “O que eu tenho a dizer como ator/atriz?”.
Não, ainda não temos as respostas, mas o caminho e a busca são tão valiosos como o pote de ouro no fim do arco-íris.